Mais da metade da população de Chapadinha contraiu covid em 2020, aponta estudo do Governo do Estado
Em agosto de 2020, mais de 40% da população maranhense já havia contraído covid-19, segundo estudo realizado pelo Governo do Estado em parceria com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O equivalente a mais de 2 milhões e 840 mil pessoas, segundo o IBGE. Número muitíssimo acima dos casos confirmados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), até o fechamento desta matéria: 290.299.
O motivo dessa enorme diferença é que o número divulgado pela SES abrange apenas as pessoas que foram testadas ao buscarem serviços de saúde e também quem optou por fazer testes em laboratórios particulares, farmácias, etc, cujos resultados foram informados ao governo.
Como a maioria que contrai o vírus sente apenas sintomas leves ou até mesmo nenhum, conforme mencionado no estudo, muitos não procuram atendimento médico nem fazem o teste por conta própria e acabam ficando de fora das estatísticas. Em razão disso, com o objetivo de aferir a prevalência real da doença no estado, o Governo do MA realizou pesquisas por amostragem.
No período de 27 de julho a 08 de agosto do ano passado, 3.289 pessoas foram entrevistadas e fizeram o teste sanguíneo, na região da Ilha de São Luís e em municípios do interior definidos por sorteio e separados por tamanho (pequeno, médio e grande porte).
O resultado mostrou que, na época, 40,4% da população maranhense já havia contraído a doença. Os municípios de pequeno porte (com menos de 20 mil habitantes) apresentaram a menor prevalência: 31%. Os de grande porte (mais de 100 mil habitantes): 35,2%. E na região da Ilha, a proporção de infectados era de 38,9%.
Já nos municípios de médio porte (20 mil a 100 mil habitantes), como Chapadinha - um dos sorteados para a realização da pesquisa -, a proporção chegou a 47,6%, com variação de até 4% para mais ou para menos.
Ou seja, considerando que nossa população é estimada em 100 mil habitantes, o número de pessoas que havia contraído covid-19 em Chapadinha, em agosto do ano passado, já passava de 47 mil.
Considerando também as aglomerações no período eleitoral e nas festas de fim de ano, podemos afirmar sem medo de errar que essa proporção já ultrapassou os 50%, talvez 60%. Negar isto seria ignorar o poder de infecção do vírus ou, pior, acreditar que ele tirou férias entre setembro de 2020 e janeiro de 2021.
Durante a pesquisa, em todo o estado, 72,4% das pessoas que testaram positivo disseram que não procuraram serviços de saúde porque não precisaram. E mais de 86% não havia feito nenhum teste antes (ver gráfico abaixo), o que explica a discrepância entre a prevalência real da doença e os números divulgados pelas secretarias de saúde municipais e estaduais.
[Clique para ver o resultado na íntegra]
Vale ressaltar que um segundo estudo foi realizado em outubro e obteve praticamente os mesmos resultados, levando-se em conta as margens de erro.
Tais pesquisas também deveriam servir de parâmetro para decisões acerca da pandemia em nosso estado, inclusive quanto às medidas de enfrentamento, isolamento, etc, pois são um retrato das realidades locais.
Porém, o governador Flávio Dino parece não ter dado muita importância ao estudo que ele mesmo encomendou, tanto que não divulgou como deveria, sequer menciona em entrevistas. Talvez porque não seja de seu interesse que a população saiba que a maioria já contraiu a doença, porque isto significa que a pandemia caminha para o fim, apesar do aumento de casos e óbitos no período chuvoso. E, todos sabem, o governador tem se aproveitado bastante dessa calamidade.
Lembrando que, enquanto a pandemia não chegar ao fim, o uso de máscaras e álcool continuará sendo imprescindível para a proteção dos mais vulneráveis.
E desde já alertamos: reinfecções continuam sendo exceção, pois são raras. A grande maioria dos boatos sobre pegar covid duas, três vezes são apenas isso: boatos. Aguardem matéria sobre o assunto em breve.